Antropologia digital e imaginários etnográficos
Experimentações, dilemas e possibilidades
DOI:
https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N1.E101013Resumen
O Fórum reúne 7 artigos que exploram diversos aspectos da antropologia digital. Carla Barros analisa o perfil @thallitaxavier no TikTok e Instagram, investigando o “veganismo de periferia” como um fenômeno de consumo e disputa identitária. Stephanie Lima, Fernanda Martins e Catharina Vilela abordam a internet como espaço de construção de conhecimento e de si para pessoas negras e indígenas, explorando a produção e circulação de conhecimento on-line e off-line. Thaís Lassali discute a relação entre pesquisadores e os algoritmos das plataformas digitais, utilizando sua pesquisa sobre as reações a um filme blockbuster no YouTube para analisar a recepção programada. Caroline Coutinho Dal'orto investiga as pornotopias digitais e como a exploração comercial da intimidade no camming se articula com discursos morais sobre sexualidade e as novas condições de exposição e trabalho sexual on-line. Julio Valentim e Patrícia Pavesi exploram a influência das redes familiares, de amizade e das tecnologias digitais na integração de mulheres migrantes em Vitória (ES) utilizando a Análise Multinível de Integração por meio de etnografia e métodos computacionais para examinar a integração em diversas dimensões. Galba Cristina Bezerra Franca Scartezini e Carlos Eduardo Henning investigam como servidores 60+ da Universidade Federal de Goiás usam plataformas digitais e como isso impacta a digitalização das relações trabalhistas. Carolina Parreiras apresenta um artigo sobre o WhatsApp, chamando a atenção para seu processo de plataformização e para seu caráter mundano. Além disso, a partir de suas experiências de pesquisa de campo com o uso do WhatsApp, explora a questão das intimidades e dos desafios de se realizarem pesquisas que envolvam plataformas digitais. Além dos artigos, trazemos uma entrevista com a antropóloga indiana Sahana Udupa, uma das principais referências de perspectivas decoloniais aplicadas ao digital. E, ainda, a tradução de um importante artigo de Nick Seaver sobre os modos como a antropologia pode contribuir para o estudo de sistemas algorítmicos. Como este breve resumo dos artigos mostra, estamos falando de um campo altamente criativo, crítico e em rápidas mudanças, que acompanham em alguma medida as próprias transformações tecnológicas. O que a pessoa leitora encontrará são artigos que não apenas apresentam dados de campo, mas que problematizam o próprio uso das tecnologias digitais em investigações etnográficas. Ou mesmo que apontam para questões de relevância social e política, como as já citadas plataformização e datificação da vida. Esperamos que este conjunto de artigos seja mais uma contribuição à história da antropologia digital no Brasil, bem como ajude pesquisadores/as na realização de suas pesquisas no, do, com e para o digital.
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