A dança da "panha"

Pensando paisagens multiespécies de apanhadoras de flores sempre-vivas junto à Anna Tsing

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48006/2358-0097-7101

Palavras-chave:

Paisagem Multiespécies, Sempre-vivas, Antropoceno, Plantation, Anna Tsing

Resumo

Neste ensaio, o olhar é direcionado a uma comunidade quilombola de apanhadora de flores localizada na Serra do Espinhaço Meridional, no centro norte mineiro, e aos seus modos de vida em coordenação com outras formas de vida. A partir do diálogo com Anna Tsing e algumas de suas noções, dentre as quais a de paisagem multiespécies, a atividade de coleta de flores sempre-vivas é colocada em perspectiva sob a forma de dança para analisar a diversidade cultural e biológica colaborativa. O lócus é o tempo do antropoceno, no qual a destruição ambiental levada a cabo pela ação humana, a exemplo da monocultura de eucaliptos no território, produz ruínas. Resta ocupá-las como movimento de resistência pelo direito de existir.

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Publicado

14.08.2021

Como Citar

Lessa Belone, A. P. (2021). A dança da "panha": Pensando paisagens multiespécies de apanhadoras de flores sempre-vivas junto à Anna Tsing. Novos Debates, 7(1). https://doi.org/10.48006/2358-0097-7101

Edição

Seção

Ensaios