A vida vivida no cotidiano da morte

Vivências de coveiros no cemitério Santa Izabel em Belém do Pará

Autores

  • Elisa Gonçalves Rodrigues Universidade Federal do Pará https://orcid.org/0000-0001-7309-0404
  • Flávio Leonel Abreu da Silveira Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102005

Palavras-chave:

antropologia da morte, narrativas, cidade cemiterial, Belém, antropologia urbana

Resumo

Este artigo aborda as vivências de um cemitério em Belém do Pará através das narrativas dos trabalhadores da necrópole apresentadas em uma etnografia cemiterial ancorada em três dimensões antropológicas: a das emoções, a urbana e da morte. Assim, percorremos as ruas da cidade dos vivos e dos mortos considerando sua ampla sensorialidade, evocada pelo sensível, imaginário e ritos, vinculada à escuta e observação participante quanto à rotina dos profissionais, singularizando as reverberações simbólicas do/no Cemitério Santa Izabel junto à metrópole amazônica. Por meio da etnografia de rua, compreendemos as práticas e concepções dos sujeitos que lidam cotidianamente com o fenômeno, (re)dimensionando as fronteiras entre vida e morte.

Biografia do Autor

Elisa Gonçalves Rodrigues, Universidade Federal do Pará

Doutoranda e Mestra em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) na Universidade Federal do Pará (UFPA). Pesquisadora vinculada à Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC) e à Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Integra o Grupo de Pesquisa Antropologia das Paisagens: memórias e imaginários na Amazônia (NAVERRÂNCIAS) e o Grupo de Pesquisa Milagreiros, Santos Populares e lugares de devoção (ABEC). Coordena o Grupo de Estudos em Antropologia da Morte (GEAM). Possui experiência em Antropologia, Estudos Cemiteriais e Psicanálise, especialmente nos campos relacionados à Antropologia da Morte ou Mortuária, Antropologia das Emoções, Antropologia Urbana, Imaginário, Memória, Narrativas, Morte, Luto, Ritos Funerários e Santos Populares ou Milagreiros.

Flávio Leonel Abreu da Silveira, Universidade Federal do Pará

Graduado em Biologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1991), com Especialização em Ecologia Humana (UNISINOS, 1993). Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996) e Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Pós-Doutorado em Antropologia (UFRGS, 2019). É professor Associado III da Universidade Federal do Pará (UFPA) e docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/PPGSA. Atua especialmente nos campos da Antropologia da Paisagem, com ênfase nas discussões sobre Cidade, Memória, Imaginário, Patrimônio e Ruína. Atualmente dedica-se ao estudo das relações entre humanos e não-humanos na Amazônia. 

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Publicado

06.04.2025

Como Citar

Gonçalves Rodrigues, E., & Abreu da Silveira, F. L. (2025). A vida vivida no cotidiano da morte: Vivências de coveiros no cemitério Santa Izabel em Belém do Pará. Novos Debates, 10(2). https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102005

Edição

Seção

Novas Pesquisas