Eu imagino eles assim...
A violência estrutural na periferia de Fortaleza-CE
DOI:
https://doi.org/10.48006/2358-0097/V8N2.E8211Palavras-chave:
antropoloia visual, favela, ocupação, racismo, diário gráficoResumo
Este trabalho caminha por discursos interpretados em desenhos no diário gráfico desta pesquisadora durante as idas e os momentos de observação em campo. Assim como aponta Karina Kuschnir (2019), pesquisar antropologicamente contribui para desenhar o mundo à nossa volta. É sobre a importância dessa ferramenta, o desenho, que os discursos dos/as moradores/as da periférica e das populações que vivem em volta dela, ganham traços, cores e formas geométricas. Este é um estudo de como as favelas brasileiras, mas especificamente a Ocupação Carlos Marighella em Fortaleza no Ceará, são desenhadas no imaginário cearense sobre o “outro” (distante ou não fisicamente), por discursos que ora vitimizam e ora marginalizam seus corpos e territórios. Os desenhos e o texto discutem junto a autores da antropologia urbana, como Alba Zaluar (1985; 2004) e com o sociólogo Gabriel Feltran (2011), mas perpassam pelo Orientalismo de Edward Said (1990) e a necropolítica de Achille Mbembe (2018), para problematizar o legitimo e o ilegítimo na estrutura do racismo e da violência urbana em determinadas circunstâncias. Como também programas que pretendem “salvar” seus moradores da miséria e imagens distorcidas em mídias de favelas cada vez mais perigosas. Fazendo assim, justificam a violência contra esta população. Os desenhos estão na ordem das falas observadas. Eles são, na maioria, em preto e branco feitos com caneta Nankin Drawing nº 00,5. Para dar evidência aos discursos coletados, eles são os únicos que aparecem coloridos dentro de formas geométricas, pois assim, o sentido de “desenhar/pintar” teria mais evidência.
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