Eu imagino eles assim...

A violência estrutural na periferia de Fortaleza-CE

Auteurs

  • Francisca Raquel de Oliveira Temoteo Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI :

https://doi.org/10.48006/2358-0097/V8N2.E8211

Mots-clés :

antropoloia visual, favela, ocupação, racismo, diário gráfico

Résumé

Este trabalho caminha por discursos interpretados em desenhos no diário gráfico desta pesquisadora durante as idas e os momentos de observação em campo. Assim como aponta Karina Kuschnir (2019), pesquisar antropologicamente contribui para desenhar o mundo à nossa volta. É sobre a importância dessa ferramenta, o desenho, que os discursos dos/as moradores/as da periférica e das populações que vivem em volta dela, ganham traços, cores e formas geométricas. Este é um estudo de como as favelas brasileiras, mas especificamente a Ocupação Carlos Marighella em Fortaleza no Ceará, são desenhadas no imaginário cearense sobre o “outro” (distante ou não fisicamente), por discursos que ora vitimizam e ora marginalizam seus corpos e territórios. Os desenhos e o texto discutem junto a autores da antropologia urbana, como Alba Zaluar (1985; 2004) e com o sociólogo Gabriel Feltran (2011), mas perpassam pelo Orientalismo de Edward Said (1990) e a necropolítica de Achille Mbembe (2018), para problematizar o legitimo e o ilegítimo na estrutura do racismo e da violência urbana em determinadas circunstâncias. Como também programas que pretendem “salvar” seus moradores da miséria e imagens distorcidas em mídias de favelas cada vez mais perigosas. Fazendo assim, justificam a violência contra esta população. Os desenhos estão na ordem das falas observadas. Eles são, na maioria, em preto e branco feitos com caneta Nankin Drawing nº 00,5. Para dar evidência aos discursos coletados, eles são os únicos que aparecem coloridos dentro de formas geométricas, pois assim, o sentido de “desenhar/pintar” teria mais evidência.

Biographie de l'auteur

Francisca Raquel de Oliveira Temoteo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Références

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. Coleção Feminismos Plurais, coordenada por Djamila Ribeiro. Editora: Jandaíra, São Paulo, 2019.

AZEVEDO, Aina. 2016. “Desenho e Antropologia: recuperação histórica e momento atual”. Cadernos de Arte e Antropologia, 5(2): 15-32. DOI: https://doi.org/10.4000/cadernosaa.1096

CAUSY, Andrew. 2017. Drawn to See: Drawing as an Ethnographic Method. Toronto: University of Toronto Press.

CIDADE DE DEUS. 2002. Direção: Fernando Meirelles. Produção: Globo filmes. Local: distribuidora Lumière Brasil.

FELTRAN, Gabriel de Santis. 2011. Fronteiras de tensão: Política e violência nas periferias de São Paulo. São Paulo: Unesp: CEM: Ceprap.

KUSCHNIR, Karina. 2014. “Ensinando Antropólogos A Desenhar: uma experiência didática e de pesquisa”. Cadernos de Arte e Antropologia, 3(2):23-46. DOI: https://doi.org/10.4000/cadernosaa.506

KUSCHNIR, Karina. 2016. A Antropologia Pelo Desenho: experiências visuais e etnográficas. Cadernos de Arte e Antropologia. 5(2):5-15. DOI: https://doi.org/10.4000/cadernosaa.1095

KUSCHNIR, Karina. 2019. Desenho Gráfico: Onze benefícios de usar um diário gráfico no trabalho de campo. Pensata: Revista Dos Alunos Do Programa De Pós-Graduação Em Ciências Sociais Da UNIFESP, 7(1). https://doi.org/10.34024/pensata.2018.v7.10120. DOI: https://doi.org/10.34024/pensata.2018.v7.10120

MBEMBE, Achille. 2018. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N-1 Edições.

SAID, Edward. 1990. Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras.

TEIXEIRA, R. S. 2020. Para além das palavras: fotografar e desenhar como possibilidade para o fazer antropológico. In: 32ª Reunião Brasileira de Antropologia, 2020, Rio de Janeiro. Anais da 32ª Reunião Brasileira de Antropologia, p. 1-13.

TEIXEIRA, Ramon da Silva. 2020. “Para além das palavras: fotografar e desenhar como possibilidade para o fazer antropológico”. Trabalho apresentado na 32ª Reunião Brasileira de Antropologia.

ZALUAR, Alba. 19852000. A máquina e a revolta: as organizações populares e o significado da pobreza.São Paulo, Brasiliense.

ZALUAR, Alba. 2014. Integração perversa: pobre e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Téléchargements

Publiée

2024-06-16

Comment citer

Temoteo, F. R. de O. (2024). Eu imagino eles assim.: A violência estrutural na periferia de Fortaleza-CE. Novos Debates, 8(2). https://doi.org/10.48006/2358-0097/V8N2.E8211

Numéro

Rubrique

Composições