“Nunca mais consegui ser apenas filha ou apenas antropóloga”

pesquisando minha própria mãe

Autores

  • Rafaela Rodrigues de Paula Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102003

Palavras-chave:

etnografia em casa, mãe-interlocutora, mulheres negras, trabalho doméstico, posicionalidade

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo discutir a partir de um relatos etnográficos as dimensões  e os desafios de realizar uma etnografia em casa com minha mãe-interlocutora mobilizando assim reflexões acerca das posicionalidades coexistem de pesquisa como Filha e Antropóloga. Busca-se tensionar as formas de narrar e descrever a vida deste apresenta-se debates contemporâneos de antropólogos/as que buscam promover a maior aproximação da antropologia com o Outro pesquisado, bem como, discute quando os “corpos Outros” que estão produzindo conhecimento, especificamente corpos negros e indígenas. Por fim, a partir de tais revisões é apresentado reflexões etnográficas produzidas pela autora do texto, enquanto uma jovem, negra, estudante de antropologia que encontra em sua trajetória de vida, cidade  Oliveira-MG, e casa de origem, em sua mãe uma interlocutora fundamental para realizar a pesquisa de campo com trabalhadoras domésticas. Assim, trazendo inquietações mobilizantes a pensar a produção de uma etnografia em casa, que conta a história do Outro, mas também a história de si, ao ver a relação mãe-filha coexistindo nos lugares de filha-pesquisadora e de mãe-interlocutora, potencializando também diálogos sobre uma maternidade negra como espaço seguro. 

Biografia do Autor

Rafaela Rodrigues de Paula, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda em Antropologia Social, Mestre em Antropologia Social, Licenciada em Sociologia.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. 2018. “A Escrita Contra a Cultura”. Equatorial, Natal, v. 5, n. 08, p.193-226. jan-jun. Disponível em:<https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/15615/12025>. Acesso em: 30 nov. 2022.

ANZALDÚA, Gloria. 2005. “La conciencia de la mestiza / rumo a uma nova consciência”. Rev. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2005000300015

Estud. Fem. vol. 13 n. 3, Florianópolis, sept./dec.

BRITES, Jurema Goski. 2000. Afeto, desigualdade e rebeldia: bastidores do serviço doméstico. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

CASTELLITTI, Carolina. 2022. “Mi tía azafata. Retos y aciertos de una investigación antropológica en la familia propia”. In: HERRERA, Frida Erika Jacobo; MARTÍNEZ MORENO, Marco Julián. (Coords.). Las emociones de ida y vuelta. Experiencia etnográfica, método y conocimiento antropológico. Ciudad de México: Alcaldía Coyoacán. p. 279-296.

COLLINS, Patricia H. 2016. “Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro”. Sociedade e Estado, [S. l.], v. 31, n. 1, p. 99–127. Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/6081>. Acesso em: 09 nov. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100006

_____. 2019a. “As mulheres negras e a maternidade”. In: Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, consciência, a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo. p.291-328.

______. 2019b. “Mammies, matriarcas e outras imagens de controle”. In: Pensamento

Feminista Negro: Conhecimento, consciência, a política do empoderamento. São Paulo:

Boitempo. p. 135-178.

______. 2019c. “O poder da autodefinição”. In: Pensamento Feminista Negro: Conhecimento,

consciência, a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo. p.179-216.

______. 2019d. “Trabalho, família e opressão das mulheres negras”. In: Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, consciência, a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo. p. 99-134.

COPA. 2023. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus. Disponível em:<https://www.dicio.com.br/copa/>. Acesso em 16 de out. 2023.

CRUZ, F. S. M. 2017. “Indígenas Antropólogos e o Espetáculo da Alteridade”. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, [S. l.], v. 11, n. 2. Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/15949>. Acesso em: 10 dez. 2022. DOI: https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv11n2.2017.26104

DAMÁSIO, Ana Clara S. 2023. “A intimidade do parentesco: e os pedaços da minha mãe”. Iluminuras, Porto Alegre, v. 24, n. 64. DOI: 10.22456/1984-1191.130534. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/130534>. Acesso em: 30 maio 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1984-1191.130534

______. 2022. “O caminho do parentesco ou o parentesco como situação inescusável?”. Revista Equatorial – Revista dos Alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, v. 9, p. 1-13. DOI: https://doi.org/10.21680/2446-5674.2022v9n17ID27915

______. 2021b. “Olho de Parente e o Olho Estranho. Considerações etnográficas sobre Viver, Olhar, Ouvir, Escrever e Permanecer”. Novos Debates – Fórum de Debates em Antropologia, v. 7, p. 1.

______. 2021c. “Voltando para a origem. Considerações sobre o campo entre parentes e os segredos de família”. Revista Calundu, v. 4, p. 183. DOI: https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v4i2.34576

______. 2021a. “Etnografia em Casa: entre parentes e aproximações”. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, v. 16, p. 1-32.

______. 2020. Fazer-Família e Fazer-Antropologia uma etnografia sobre cair pra idade, tomar de conta e posicionalidades em Canto do Buriti-PI. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

DIAS, Luciana de Oliveira. 2019. “Quase da Família: corpos e campos marcados pelo racismo e pelo machismo”. Revista Humanidades & Inovação, 6(16): 8-12.

DUARTE, Luiz Fernando Dias; GOMES, Edlaine de Campos. 2008. “A pesquisa na própria

sociedade (e sobre a própria família)”. In: DUARTE, Luiz Fernando Dias; GOMES, Edlaine de Campos. Três famílias: identidades e trajetórias transgeracionais nas classes populares. Rio de Janeiro: Editora FGV. p. 31-58.

FIGUEIREDO, Angela. 2020. “Epistemologia insubmissa feminista negra decolonial”. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 29, e0102, jan./abr. DOI: https://doi.org/10.5965/2175180312292020e0102

GONZALEZ, Lélia. 2020. “Racismo e Sexismo na cultura brasileira”. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (Orgs.). Por um feminismo Afro Latino Americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar. p. 75-93.

HOOKS, bell. 2017. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes.

OLIVEIRA, Leandro. 2023. “A Vida Afetiva dos Antropólogos: etnografia e escritas de si na pesquisa sobre sexualidades, gênero e família”. In: SARAIVA, L. A. S.; PESSOA, Sônia Caldas; MANTOVANI, Camila M.C. A. Metodologias Vulneráveis. Cachoeirinha: Editora FI. p. 212-257.

RANGEL, E. 2016. “Circulando como filho: etnografando relações familiares através dos bastidores de uma empresa circense”. Revista de Antropologia da UFSCar, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 147–163. DOI: 10.52426/rau.v8i1.157. Disponível em: <https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/157>. Acesso em: 25 maio 2023. DOI: https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.157

______. 2015. Brazilian Dancers: a travessia dos corpos em um circo norte-americano. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro.

STRATHERN, M. 2014. “Os limites da autoantropologia”. In: O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.

Downloads

Publicado

06.04.2025

Como Citar

Rodrigues de Paula, R. (2025). “Nunca mais consegui ser apenas filha ou apenas antropóloga”: pesquisando minha própria mãe . Novos Debates, 10(2). https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102003

Edição

Seção

Novas Pesquisas