NEUSA SANTOS SOUZA E O “TORNAR-SE NEGRA/NEGRO”
Enquanto projeto de autonomia através do discurso de si
Palabras clave:
racismo, raça, subjetividade, tornar-se negro, Neusa Santos SouzaResumen
A obra Tornar-se negro: ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social (1983) da intelectual, psiquiatra e psicanalista Neusa Santos Souza se situa como marco na literatura nacional sobre as relações raciais no Brasil, por ser uma das primeiras a fornecer subsídios para se interpretar o racismo brasileiro a partir de suas implicações para o campo subjetivo e psíquico de pessoas negras em ascensão social. Neste ensaio, comento esta obra a partir da análise sobre os seus atuais acionamentos no debate público e de minha própria chave interpretativa, elaborando uma distinção analítica entre as categorias de “saber-se negro/a” e “tornar-se negro/a”, enquanto dimensões diferenciadas de um mesmo projeto político-subjetivo de autonomia que se efetua a partir da construção da identidade racial negra e da identificação com a negritude como formas privilegiadas de um discurso de si.
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