“CANSEI DA LINHA MAPÔA, HOJE GOSTO DE CHAMAR ATENÇÃO, DE SER TRAVESTI”
Visibilidades sociais e travestilidades em contextos rurais e interioranos
DOI:
https://doi.org/10.48006/2358-0097/V9N2.E9214Palabras clave:
travestis, visibilidades sociais, contextos rurais e interioranosResumen
Neste texto apresento algumas das reflexões tecidas em minha dissertação de mestrado, que foi escrita a partir de uma pesquisa de campo etnográfica realizada entre fevereiro e novembro de 2019 com cinco travestis de Jardim, um município potiguar marcado por contextos rurais e interioranos. Para o momento, irei discorrer sobre as visibilidades sociais das performances identitárias das minhas interlocutoras, considerando suas trajetórias de vida e seus marcadores sociais da diferença (geração, deficiência, raça e classe), em três eixos: (1) as várias vias das “famas” que elas possuíam no município, abrindo espaço para discorrer sobre passabilidade nos contextos rurais e interioranos a partir da frase “cansei da linha mapôa, hoje gosto de chamar atenção, de ser travesti”; (2) a agência das travestis frente às tentativas de “ridicularização” e “avacalhação” que sofriam, cujo objetivo era tornar seus corpos risíveis; (3) a potência do desejo público pelas travestis, em que há a “naturalização” do afeto e da atração para/por nós travestis e a valorização das “travestis de fora” e do “corpo jovem”, que propiciou debates sobre conflitos e autoestima travesti.
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