Pornôtopias Digitais
Popularidade, exposição e moralidade na indústria do camming
DOI :
https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N1.E101014Mots-clés :
moralidade; popularidade; plataformização; camming.Résumé
A espetacularização da intimidade tornou-se fenômeno cultural popular - difundido no pós-guerras - na medida em que os discursos públicos sobre o sexo e a sexualidade constituíram-se como produtos privilegiados na exploração comercial de um voyeurismo figurado no feminino. Neste artigo, passaremos dos grandes marcos culturais, econômicos e tecnológicos inscritos nos projetos pornôtópicos da Playboy (Preciado, 2020), da cinematografia iniciada em “Deep Throat” e do “reality entertainment” à plataformização desses fenômenos ligada à racionalização de uma economia online baseada em vigilância (Andrejevic, 2003; Zuboff, 2021). O artigo busca, sob esses marcos, compreender etnograficamente como os fenômenos midiáticos de exploração comercial da intimidade, no interior do trabalho no camming, estiveram intrinsecamente relacionados aos discursos morais em torno de uma sexualidade legítima (Rubin, 2018; Foucault, 2020) – sobretudo ligada ao controle do corpo feminino - fazendo ver como as novas condições de exposição e comercialização digital inserem gramáticas diferenciadas ao trabalho sexual, bem como novos desafios às experiências de prazer e perigo, sob o marco da Internet.
Références
ANDREJEVIC, Mark. 2012. “Estranged Free Labor.” In Digital Labor, 157-172. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203145791-17
BRUNO, Fernanda. 2004. “Máquinas de Ver, Modos de Ser: Visibilidade e Subjetividade nas Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação.” Revista Famecos 11 (24): 110-124. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2004.24.3271
CAMINHAS, Lorena Rubia Pereira. 2018. “A Midiatização dos Mercados do Sexo e a Configuração da Experiência Erótica Mediada.” Galáxia, São Paulo, 162-174. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-2554132548
CAMINHAS, Lorena Rúbia Pereira. 2021. “Webcamming Erótico Comercial: Nova Face dos Mercados do Sexo Nacionais.” Revista de Antropologia 64. DOI: https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.184482
CAMPANELLA, Paul, and SKALSKI, Paul eds. 2010. Immersed in Media: Telepresence in Everyday Life. Routledge.
COLLINS, Patricia Hill. 2022. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781003245650-15
DE LAURETIS, Teresa. 1996. “La Tecnología del Género.” Revista Mora 2: 6-34.
DESPENTES, Virginie. 2019. Teoría King Kong. L'Altra Editorial.
DIAZ-BENITEZ, Maria Elvira. 2009. Nas Redes do Sexo: Bastidores e Cenários do Pornô Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Museu Nacional/PPGAS.
DWORKIN, Andrea. 1981. Men Possessing Women. New York: Perigee.
FOUCAULT, Michel. 2020. História da Sexualidade: As Confissões da Carne. Vol. 4. Editora Paz e Terra.
FRANÇA, Tibério César. 2015. Sex Entertainment: O Sexo Como Diversão na Internet. M.A. diss., UFMG.
HAKIM, Catherine. 2010. “Erotic Capital.” European Sociological Review 26 (5): 499-518. DOI: https://doi.org/10.1093/esr/jcq014
JIMROGLOU, Krissi M. 1999. “A Camera with a View: JenniCAM, Visual Representation, and Cyborg Subjectivity.” Information, Communication & Society 2 (4): 439-453. DOI: https://doi.org/10.1080/136911899359493
JONES, Angela. 2020. Camming: Money, Power, and Pleasure in the Sex Work Industry. NYU Press. DOI: https://doi.org/10.18574/nyu/9781479842964.001.0001
LEAL, Saul Tourinho. 2015. “Inside Supreme Courts: Backstage, Televising and the Magic Tribune.” Brazilian Journal of Public Policy 5: 538.
LÉVI-STRAUSS, Claude. 2011. Estruturas Elementares de Parentesco. 6th ed. Editora Vozes.
LOURO, Guacira Lopes. 2018. O Corpo Educado: Pedagogias da Sexualidade. Autêntica.
MACKINNON, Catharine A. 1989. Toward a Feminist Theory of the State. Harvard University Press.
MCNAIR, Brian. 2013. Pornô? Chic!: How Pornôgraphy Changed the World and Made It a Better Place. Routledge.
MOCELLIM, Alan Delazeri. 2009. A Metrópole Virtual: Uma Alternativa ao Conceito de Comunidade Virtual. M.A. diss., Universidade Federal de Santa Catarina.
MULVEY, Laura. 1989. “Visual Pleasure and Narrative Cinema.” In Visual and Other Pleasures, 14-26. London: Palgrave Macmillan. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-349-19798-9_3
OLIVEIRA, Danilo Patzdorf Casari de. 2017. Sobre Aquilo que um Dia Chamaram Corpo: Corporalidade nas Ambiências Digitais. PhD diss., Universidade de São Paulo.
PAASONEN, Susanna. 2010. “Labors of Love: Netporn, Web 2.0 and the Meanings of Amateurism.” New Media & Society 12 (8): 1297-1312. DOI: https://doi.org/10.1177/1461444810362853
PARREIRAS, Carolina. 2012. “Altporn, Corpos, Categorias e Cliques: Notas Etnográficas sobre Pornôgrafia Online.” Cadernos Pagu 38: 197-222. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-83332012000100007
PÁTARO, Carolina Ribeiro. 2015. “Os Homens Atuam e as Mulheres Aparecem: Marcos Pornôgráficos e Pornôgrafia Mainstream.” Sociologias Plurais 3 (2). DOI: https://doi.org/10.5380/sclplr.v3i2.64757
PÁTARO, Carolina Ribeiro. 2014. Tchau Tchau Velho Pornôzão?: A Pornôgrafia Feminista de Erika Lust Como Narrativa Reflexiva da Sexualidade. M.A. diss., UFPR.
PERDIGÃO, Hêmille Raquel Santos. 2021. “Paris, Texas, um Corpo Materno.” Leitura 71: 45- 59. DOI: https://doi.org/10.28998/2317-9945.202171.45-59
PESSOA, Patrick. 2008. “Herbert Marcuse Vai a Paris, Texas.” Viso: Cadernos de Estética Aplicada 2 (4): 95-107. DOI: https://doi.org/10.22409/1981-4062/v4i/60
PRADA, Monique. 2021. Putafeminista. Veneta.
PRECIADO, Beatriz. 2011. “Multidões Queer: Notas para uma Política dos ‘Anormais’.” Revista Estudos Feministas 19: 11-20. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2011000100002
PRECIADO, Paul B. 2020. Pornôtopia: Playboy e a Invenção da Sexualidade Multimídia. Translated by Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: N-1 Edições.
PRECIADO, Paul B. 2013. Testo Junkie: Sex, Drugs, and Biopolitics in the Pharmacopornôgraphic Era. The Feminist Press at CUNY.
PRECIADO, Paul B. 2019. “Canal CLINICAND – Psicanálise e Esquizoanálise.” Published November 17, 2019. https://www.youtube.com/watch?v=UEkaKjUG7fY.
ROST, Mariana. 2016. Sexualidades em Negociação: A Pornôgrafia Live Streaming no CAM4. M.A. diss., Unisinos.
RUBIN, Gayle. 2018. “Pensando o Sexo.” In Políticas do Sexo, 31-56. São Paulo: Editora Ubu.
SANCHES, Thany. 2022. A Reinvenção dos Corpos Femininos nas Plataformas de Camming: Uma Aproximação Indisciplinar entre Pornôgrafia, Arte e Outras Impossibilidades. M.A. diss., PUC-SP.
SANTAELLA, Lucia. 2003. “Da Cultura das Mídias à Cibercultura: O Advento do Pós- Humano.” Revista Famecos 10 (22): 23-32. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2003.22.3229
SENFT, Theresa M. 2008. Camgirls: Celebrity and Community in the Age of Social Networks. Peter Lang.
SIBILIA, Paula. 2015. “Autenticidade e Performance: A Construção de Si Como Personagem Visível.” Fronteiras – Estudos Midiáticos 17 (3): 353-364. DOI: https://doi.org/10.4013/fem.2015.173.09
SILVA, Weslei Lopes. 2014. O Sexo Incorporado na Web: Cenas e Práticas de Mulheres Strippers. PhD diss., Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
SILVA, Weslei Lopes, and Juliana Gonzaga Jayme. 2015. “Close na Web: Incorporando Feminino Desejáveis.” Mediações 20 (1): 194-216. DOI: https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n1p194
SLEE, Tom. 2019. Uberização: A Nova Onda do Trabalho Precarizado. Editora Elefante.
WHITE, Michele. 2003. “Too Close to See: Men, Women, and Webcams.” New Media & Society 5 (1): 7-28. DOI: https://doi.org/10.1177/1461444803005001901
ZUBOFF, Shoshana. 2021. A Era do Capitalismo de Vigilância. Editora Intrínseca.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Novos Debates 2024
Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 3.0 non transposé.
Política de Acesso Aberto
Somos uma revista de acesso aberto. Não cobramos pela publicação de artigos ou pelo acesso aos fascículos da revista.
Todo o conteúdo da revista, exceto indicação contrária em materiais específicos, está licenciado sobre Atribuição 3.0 Creative Commons Brasil (CC BY 3.0 BR).
Você tem o direito de:
– Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
– Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
– O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
– Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
– Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
