A Internet como espaço multifacetado

Circulação, produção de conhecimento e a construção de si para pessoas negras e indígenas

Resumo

Em diálogo com autores(as) que investigam a relação entre Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e a sociedade, é possível afirmar que o acesso à internet é um fenômeno social significativo (Collado, 2008; Wajcaman, 2000; Lima e Oliveira, 2020). A internet e as tecnologias passam, então, a construir sentidos nos sujeitos, tornando-se espaços de formação de comunidades e, portanto, centrais no processo mais complexo da formação subjetiva. Este artigo, a partir de pesquisa realizada pelo InternetLab com apoio da Wikimedia Foundation, tem como objetivo contribuir com reflexões sobre a produção e circulação de conhecimento – online e offline – de pessoas negras e indígenas. Partimos assim da compreensão de que a internet se configura como local central na construção identitária desses sujeitos. Por meio da análise narrativa de entrevistas conduzidas com três mulheres negras e três indígenas pertencentes a distintas gerações, diferentes localidades do país e que pesquisam e/ou trabalham com internet, buscamos compreender como as trajetórias desses sujeitos, mesclada aos seus temas de ativismo e/ou pesquisa, lança luz a um entendimento mais profundo sobre como a internet se torna um mediador central no processo de transformação da experiência da linguagem de si e coletiva. Entre as conclusões, destaca-se que enquanto a internet, no caso das mulheres negras, figura de modo relevante em seus processos de construção identitária, nas narrativas indígenas esse ambiente é compreendido como um meio para circulação e divulgação de epistemologias indígenas.