Traçando agências

Estratégias de continuidade e (re)existência da tradição do Bumba-Meu-Boi do Maranhão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102004

Palavras-chave:

antropologia dos modos de relação com o passado, estratégias de continuidade, (re)existência, cultura popular, bumba-meu-boi

Resumo

Este trabalho reúne algumas reflexões acerca das relações entre passado e presente a partir da noção de trace proposta por Markus Balkenhol (2014). A questão central deste artigo é analisar o tipo de agência mobilizada pelos brincantes para dar continuidade à tradição negra do bumba-meu-boi. Meu interesse pelo assunto se dá em razão de um insight que me ocorreu em meio à celebração pelo Dia de São Pedro, na capital maranhense. Nesse contexto particular, um termo entoado pelos brincantes chamou minha atenção, a partir do qual comecei a rastrear os seus sentidos, bem como os seus diferentes usos, levando-me a uma reflexão acerca da agência exercida no universo da festa. À luz das contribuições de Balkenhol (2014), verifiquei que os brincantes possuem uma estratégia de continuidade baseada na negociação, por meio da qual a brincadeira se mantém por um longo período e em diferentes espaços.

Biografia do Autor

Vitor Sampaio Soares, Universidade Federal do Paraná

Mestrando em Antropologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na linha de pesquisa Práticas de conhecimento: sentidos, espaços e objetos. Graduado em Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 

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Publicado

06.04.2025

Como Citar

Soares, V. S. (2025). Traçando agências: Estratégias de continuidade e (re)existência da tradição do Bumba-Meu-Boi do Maranhão. Novos Debates, 10(2). https://doi.org/10.48006/2358-0097/V10N2.E102004

Edição

Seção

Novas Pesquisas