“CANSEI DA LINHA MAPÔA, HOJE GOSTO DE CHAMAR ATENÇÃO, DE SER TRAVESTI”

Visibilidades sociais e travestilidades em contextos rurais e interioranos

Autores/as

  • Pietra Azevedo Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.48006/2358-0097/V9N2.E9214

Palabras clave:

travestis, visibilidades sociais, contextos rurais e interioranos

Resumen

Neste texto apresento algumas das reflexões tecidas em minha dissertação de mestrado, que foi escrita a partir de uma pesquisa de campo etnográfica realizada entre fevereiro e novembro de 2019 com cinco travestis de Jardim, um município potiguar marcado por contextos rurais e interioranos. Para o momento, irei discorrer sobre as visibilidades sociais das performances identitárias das minhas interlocutoras, considerando suas trajetórias de vida e seus marcadores sociais da diferença (geração, deficiência, raça e classe), em três eixos: (1) as várias vias das “famas” que elas possuíam no município, abrindo espaço para discorrer sobre passabilidade nos contextos rurais e interioranos a partir da frase “cansei da linha mapôa, hoje gosto de chamar atenção, de ser travesti”; (2) a agência das travestis frente às tentativas de “ridicularização” e “avacalhação” que sofriam, cujo objetivo era tornar seus corpos risíveis; (3) a potência do desejo público pelas travestis, em que há a “naturalização” do afeto e da atração para/por nós travestis e a valorização das “travestis de fora” e do “corpo jovem”, que propiciou debates sobre conflitos e autoestima travesti.

Biografía del autor/a

Pietra Azevedo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Programa de Pós-graduação em Antropologia Social | Natal, Brasil

Citas

ALMEIDA, Guilherme. “Homens Trans” novos matizes na aquarela das masculinidades? Estudos Feministas, Florianópolis, 20(2): 256, maio-agosto/2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000200012

ANTUNES, Pedro P. S. Travestis envelhecem? 2010. Dissertação (Mestrado em Gerontologia). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

BAGAGLI, Beatriz. A diferença trans no gênero para além da patologização. Periódicus, Salvador, n. 5, v. 1, maio/out. 2016. DOI: https://doi.org/10.9771/peri.v1i5.17178

BONASSI, Brune. Cisnorma: acordos societários sobre o sexo binário e cisgênero. 2017. Dissertação (mestrado em Psicologia) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 2017.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaina & FERREIRA, Marieta M. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

BOURDIEU, Pierre. Compreender. In. A Miséria do Mundo. Petrópolis: Vozes, 2003.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2016.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra - quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CONNELL, Raewyn. Gênero em termos reais. São Paulo: nVersos, 2016.

FONSECA, Cláudia. O anonimato e o texto antropológico: Dilemas éticos e políticos da etnografia 'em casa'. Teoria e Cultura, v. 2, n. 1 e 2, 2011.

FONSECA, Cláudia. PESQUISA ‘RISCO ZERO’: é desejável? é possível? In. GROSSI, Miriam Pillar... [et al.] (organizadores). Trabalho de campo, ética e subjetividade. 1. ed. Tubarão (SC): Copiart. Florianópolis (SC): Tribo da Ilha, 2018.

FOOTE WHYTE, William. “Sobre a evolução de Sociedade de esquina”. In. Sociedade de esquina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2005.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.

FRY, Peter & MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. São Paulo: Abril Cultural e Brasiliense, 1984.

GONTIJO, Fabiano. Kátia Tapety: ora mulher, ora travesti? Gênero, sexualidade e identidades em trânsito no Brasil. Cadernos pagu (43), julho-dezembro de 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-8333201400430299

GONTIJO, Fabiano; COSTA, F.C.S. “Ser Traveco é Melhor que Mulher”: considerações preliminares acerca das discursividades do desenvolvimentismo e da heteronormatividade no mundo rural piauiense. Bagoas, n. 08. 2012. P. 171-186.

HOLY, Ladislav. “TEORÍA, METODOLOGÍA Y PROCESO DE INVESTIGACIÓN”. En: R. F. Ellen (comp.): Ethnographic Research. A Guide of General Conduct, London, Academic Press, 1984, pp. 13-34.

KULICK, Don. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.

MIRELLA, Luanna. Localidade ou Metrópole? demonstrando a capacidade de atuação política das travestis no mundo-comunidade. 2010. Dissertação (mestrado em Antropologia Social) - Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília: Brasília, 2010.

MOIRA, Amara. E se eu fosse puta. São Paulo: Hoo Editora, 2018.

MOIRA, Amara. O cis pelo trans. Estudos Feministas, Florianópolis, v.25, n1, p. 365-373, abr. 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p365

NASCIMENTO, Silvana. Variações do feminino: circuitos do universo trans na Paraíba. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 57 nº 2. 2014. DOI: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2014.89117

OLIVEIRA, Megg Rayara. Entre o grotesco e o risível: o lugar da mulher negra na história em quadrinhos no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política. Brasília, n. 16, pp. 65-85, jan./abr. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-335220151604

ORTNER, Sherry. Poder e Projetos: reflexões sobre a agência. In. GROSSI, M; ECKERT, C; FRY, P. (orgs.). Conferências e diálogos: saberes e práticas antropológicas. Brasília: ABA; Blumenau: Nova Letra, 2007, p. 45-80.

SANDER, Vanessa & OLIVEIRA, Lorena. “Tias” e “novinhas”: envelhecimento e relações intergeracionais nas experiências de travestis trabalhadoras sexuais em Belo Horizonte. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 19, n. 2, p. 69-81, jul./dez. 2016. DOI: https://doi.org/10.5216/sec.v19i2.48671

SANDER, Vanessa. Entre manuais e truques: uma etnografia das redes do trabalho sexual entre travestis em Belo Horizonte. 2015. Dissertação (mestrado em Antropologia Social) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas/SP, 2015.

SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, Otávio (org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

SIMMEL, Georg. Sociabilidade: um exemplo de Sociologia pura ou formal. In: MORAES FILHO, Evaristo (org.). Georg Simmel: Sociologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1983. p. 165-181.

STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: ficções persuasivas da antropologia. In. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

VELHO, Gilberto. Trajetória individual e campo de possibilidades. In. Projeto e metamorfose. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1994.

VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. 2015. Dissertação (mestrado em Cultura e Sociedade) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

Publicado

2024-06-23

Cómo citar

Azevedo, P. (2024). “CANSEI DA LINHA MAPÔA, HOJE GOSTO DE CHAMAR ATENÇÃO, DE SER TRAVESTI”: Visibilidades sociais e travestilidades em contextos rurais e interioranos . Novos Debates, 9(2), 1–27. https://doi.org/10.48006/2358-0097/V9N2.E9214

Número

Sección

Novas Pesquisas